Hoje o assunto é polêmico e complexo. Ou não.
2014 e cada vez mais me deparo com mulheres que não pensam em ter filhos. E eu acredito me incluir nessa categoria. Já tinha reparado em alguns comentários nos posts passados a quantidade de leitoras que falaram abertamente sobre essa decisão e, não me julguem, senti um certo alívio. Eu me encontro naquela faixa etária que é praticamente o divisor de águas entre ter ou não filhos e durante muito tempo me senti aterrorizada pela falta de vontade de ser mãe. Desde nova, desde sempre, jamais me imaginei mãe. Não tenho jeito com crianças e tenho uma vida tão corrida e agitada que não consigo imaginar a maternidade fazendo parte de minha vida. Nem o Nero consegui cuidar e como ele ficava muito tempo sozinho e em hotelzinho, os “avós” decidiram cuidar dele. Imagina uma criança? Sequer tenho tempo pra mim! O meu relógio biológico parece simplesmente não existir. E toda vez que me vi perto de ser mãe, me apavorei. Por sorte nunca fui pressionada pela minha família, muito pelo contrário, sempre tive o apoio deles em todas minhas escolhas. E atualmente me encontro em um relacionamento que me dá total liberdade de opção, o que me deixa muito tranquila.
Anos atrás eu pensava: “e se lá na frente eu me arrepender?” Acho que esse “lá na frente” já chegou umas duas vezes e nada de eu querer filhos. Hoje em dia as mulheres optam cada vez mais por adiar a gravidez ao máximo e tudo isso por vários motivos: independência financeira, querem aproveitar o máximo da vida, querem viajar, não existe mais a “obrigação” de se manter em um casamento e criar família, a vida de solteira se estende por mais tempo, vida agitada e sem horários, maior dedicação profissional, a violência nas cidades, o medo de não conseguir dar do bom e do melhor… enfim, motivos não faltam. Se antigamente os filhos chegavam na casa dos 20 anos, hoje em dia é aos 30 (arrisco falar de 35 anos pra frente) e logo vejo um baby boom de mães de primeira viagem após os 40 anos. Eu tenho VÁRIAS amigas que, na mesma situação que eu, se perguntam: cadê a vontade de ser mãe? “Não dá tempo, não quero, estou bem assim.” Como li por aí, esse desejo tem que vir de dentro para fora e não mais por uma imposição da sociedade. Ainda bem.
Infelizmente essa decisão ainda é questionada por muita gente, afinal a “mulher nasceu com o dom de procriar e não deveria desperdiçar essa dádiva!” Certo? Acho que não. Cada um sabe o que quer e como guiar sua vida. Cada um saber o que o faz feliz e se filhos não é um desses motivos, ninguém tem nada com isso. Sempre escuto a típica frase: “E quem vai cuidar de você quando ficar velha??” e acho isso tão egoísta como a decisão de querer uma vida sem filhos, obviamente, para quem possa chamar isso de egoísmo.
Mas enfim, a idade está chegando e a decisão ainda não está 100% tomada. E SE eu me arrepender? Nada nunca está perdido. Existe a adoção, o congelamento de óvulos… E novamente a natureza é cruel com a gente. Os homens produzem milhões de espermatozóides novos todos os dias, enquanto que as mulheres já nascem com o número exato de óvulos, que envelhecem junto com a gente. E pior, são mais velhos ainda, pois a idade deles (dos óvulos) começa a contar desde que estávamos dentro das barrigas de nossa mães. Ou seja, os óvulos de quem tem 30 anos, tem 30 anos e 6 meses (outros dizem que são 9 meses a mais). Independente da idade que você mestruou pela primeira vez, seu estoque de possíveis futuros bebês já veio contadinho.
Eu respeito e admiro infinitamente quem quer ser mãe (vejo mulheres tão “maternais” que me sinto uma ET perto delas rs) e compreendo que a maternidade possa transformar a mulher. Mas também entendo perfeitamente que escolhe não ter filhos (ou adiar ao máximo) e admiro a coragem de decidir algo que, até pouco tempo atrás, não era algo a ser sequer decidido, não era uma opção.